Valdeí Pires • mar. 04, 2021
Preocupado com políticas de privacidade, o Google anunciou nesta terça - feira (02/03/2021), que deixará de vender anúncios com base no histórico de navegação do usuário. A empresa afirma ainda que não irá desenvolver tecnologias que permitam que as pessoas sejam identificadas ao navegar em sites da web.
A notícia acabou gerando espanto em muita gente, afinal trata-se da maior empresa de publicidade do mundo, e, este mercado de anúncios é a a principal fonte de receita da companhia: o negócio gerou US$ 46,2 Bilhões no 4° trimestre de 2020. Este valor representa incríveis 82% do faturamento da empresa.
"Se a publicidade digital não evoluir para atender às crescentes preocupações das pessoas com sua privacidade e como sua identidade pessoal está sendo usada, arriscamos o futuro da web gratuita e aberta". Frase do diretor de produto David Temkin, no blog do Google.
Mas fato é que essa decisão do Google não altera a forma como empresa lida com dados proprietários, ou seja, aqueles que são fornecidos pelos usuários ao aderirem um dos produtos do Google.
O que de fato mudará é o rastreamento do comportamento do usuário. Em 2020, o Google já havia anunciado que o Google Chrome, seu navegador e talvez o principal da web, deixará de autorizar a coleta de cookies de terceiros, principal forma de rastrear o comportamento do usuário na internet. Agora, com um anúncio formal, a empresa avisou que vai parar completamente de usar a tecnologia e não irá desenvolver uma outra para substituí-la.
"Tornamos explícito hoje que, uma vez que os cookies de terceiros sejam eliminados, não construiremos identificadores alternativos para rastrear indivíduos enquanto navegam na web, nem os usaremos em nossos produtos”. Foi o que disse Temkin.
Para continuar oferecendo publicidade direcionada às pessoas com base em seus interesses, o Google afirmou que trabalha com a seguinte abordagem: "esconde" as pessoas no meio da multidão, agrupando usuários com comportamentos similares.
Os rastreadores utilizados na web, servem para captar comportamentos e interesses das pessoas e assim, oferecer anúncios direcionados, o que aumenta as chances das pessoas se interessarem pelos produtos. Esses rastreadores geram os dados para segmentação no Google Ads.
O rastreamento individualizado sempre foi duramente criticado por especialistas em privacidade de dados. O tema também está pautado em leis de regulamentação de dados, como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Para continuar entregando anúncios com base no interesse das pessoas, o Google informou que irá desenvolver tecnologias que considerem as normas de privacidades.
Uma tecnologia da companhia analisa os comportamentos de navegação dos usuários em seus próprios dispositivos, permitindo assim que os anunciantes direcionem seus anúncios com base nessas informações, agrupadas com pessoas que possuem comportamentos similares, ao invés dos individualizados.
Na prática, em vez de vender anúncios com base no histórico de uma pessoa, a companhia irá analisar históricos de várias pessoas e reuni-las em grupos com interesses similares para vender a publicidade.
O Google disse que planeja iniciar testes públicos para que anunciantes comprem espaços publicitários usando essa tecnologia no segundo trimestre de 2021.
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